"Onde o goleiro pisa não nasce grama". Talvez se o autor dessa frase, tão conhecida no mundo do futebol, tivesse visto o jogo entre Atlético-MG x Tijuana, disputado na noite de quinta-feira em BH, certamente iria fazer um pedido de desculpas em cadeia de rádio e TV. O sagrado palmo de chão logo abaixo do travessão é o local onde jogo após jogo se formam vilões e heróis no futebol - no Brasil e no mundo. E o Independência, e os que assistiram ao jogo pela TV, viram surgir mais um caso desses após o arqueiro Victor defender um pênalti aos 46 minutos do segundo tempo.
A defesa realizada com o pé esquerdo garantiu o Galo nas semifinais da Libertadores da América. Um daqueles jogos épicos que ficará na retina de quem é atleticano por muito tempo. E também na memória de quem gosta de futebol. Partidas com a de ontem servem para resumir a importância do futebol no cotidiano das pessoas. Não que elas ficariam mais pobres ou mais ricas dependendo do resultado da peleja, mas em questão de segundos tudo aquilo que elas carregam de ruim (dívidas, falta de dinheiro, problemas pessoais) foi para o espaço, assim como fora a bola rebatida por Victor.
Futebol é diferente de qualquer outro esporte. Gosto de basquete, de vôlei, de handbol (até acho que não se dá o merecido espaço na mídia a eles) mas o que move as pessoas é o futebol. Um lance pode fazer toda a diferença. Uma defesa às vezes é mais comemorada do que o gol. E uma vitória, em certos momentos, pode não ajudar em nada. Confusas as emoções que ele traz: um idivíduo pode ir da máxima alegria ao extremo sofrimento, e em questões de segundos voltar a êxtase.
E os longos segundos que separaram a marcação do pênalti até a defesa do Victor foram prova cabal disso. Vida longa ao futebol. Vida longa aos que gostam de futebol. E meus sentimentos se você não gosta do esporte bretão.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
terça-feira, 28 de maio de 2013
O perigo da "elitização" do futebol
Ao terminar de ler o jornal ontem, uma nota de rodapé do caderno de esportes do Estadão me chamou a atenção. A arrecadação da partida entre Santos x Flamengo, em Brasília, foi a maior da história do futebol no país. Mais de R$ 6 milhões foram arrecadados. Uma bela grana, diga-se de passagem. No mesmo periódico, li que o Mané Garrincha, palco da peleja, não havia sido aprovado no evento-teste para a Copa das Confederações. Até aí nenhuma surpresa.
Depois da leitura, liguei a TV. Por coincidência, a Sportv mostrara as dificuldades pelas quais boa parte dos 63 mil pagantes passaram para ver um jogo de futebol. É catraca que não funciona, revista que é mal feita, filas em banheiros, bares e outras áreas comuns. Sabendo que eles estavam falando de um estádio no Brasil, também meio que ignorei o fato.
O que não engoli foi a informação de que o ingresso mais barato custava R$ 160,00 - daí, a cifra astronômica citada no parágrafo inicial. E ao comentar esse preço abusivo, Xico Sá - colunista da Folha de S.Paulo - foi preciso em seu comentário: "ergueram as arenas e estão cobrando preço de ópera. E é futebol". O mais caro era vendido a 460 mangos.
Esse é o meu maior receio em relação à Copa: A drástica elevação no valor das entradas. Já temos ciência de que a Copa não é para pobre. Porém, um jogo nacional, do dia-a-dia, não pode ter o ingresso mais acessível a R$ 160,00. Em um país onde o salário mínimo é R$ 678,00, o tíquete mais popular não pode ser comercializado a esse preço.
O futebol não pode passar por esse processo de "elitização". O esporte, que sempre foi caracterizado pela alcunha de popular, não pode perder essa que a sua principal característica. É claro, que passou do tempo de termos estádios mais modernos, onde o sujeito possa levar sua família com tranquilidade e conforto. Porém, a maioria do público que frequenta campos de futebol, está no seio menos abastado da população, mesmo com a ascenção de uma significativa parcela da sociedade a melhores condições de renda na última década.
Claro que o sujeito que está no topo - ou mais acima - da esfera econômica tem o direito de usufruir de mais benesses nos estádios. E os clubes devem oferecer isso (cadeiras cativas, camarotes e outros espaços). Isso já é feito em boa parte dos países da Europa. Mas ainda há o "espaço" do torcedor popular, aquele que liga a TV todo o dia para ver as novidades do time, que compra o pôster quando ganha um caneco ou o que de tempos em tempos compra uma camisa ou outro produto licenciado pela agremiação. E esse é o torcedor que dá a graça no estádio, que leva a bandeira, que faz o mosaico na arquibancada.
Em suma, a "elitização" deve ser mandada para escanteio do futebol. E se voltar, mesmo assim, deverá levar um cartão vermelho "pelo peito", como dizem lá na várzea.
Depois da leitura, liguei a TV. Por coincidência, a Sportv mostrara as dificuldades pelas quais boa parte dos 63 mil pagantes passaram para ver um jogo de futebol. É catraca que não funciona, revista que é mal feita, filas em banheiros, bares e outras áreas comuns. Sabendo que eles estavam falando de um estádio no Brasil, também meio que ignorei o fato.
O que não engoli foi a informação de que o ingresso mais barato custava R$ 160,00 - daí, a cifra astronômica citada no parágrafo inicial. E ao comentar esse preço abusivo, Xico Sá - colunista da Folha de S.Paulo - foi preciso em seu comentário: "ergueram as arenas e estão cobrando preço de ópera. E é futebol". O mais caro era vendido a 460 mangos.
Esse é o meu maior receio em relação à Copa: A drástica elevação no valor das entradas. Já temos ciência de que a Copa não é para pobre. Porém, um jogo nacional, do dia-a-dia, não pode ter o ingresso mais acessível a R$ 160,00. Em um país onde o salário mínimo é R$ 678,00, o tíquete mais popular não pode ser comercializado a esse preço.
O futebol não pode passar por esse processo de "elitização". O esporte, que sempre foi caracterizado pela alcunha de popular, não pode perder essa que a sua principal característica. É claro, que passou do tempo de termos estádios mais modernos, onde o sujeito possa levar sua família com tranquilidade e conforto. Porém, a maioria do público que frequenta campos de futebol, está no seio menos abastado da população, mesmo com a ascenção de uma significativa parcela da sociedade a melhores condições de renda na última década.
Claro que o sujeito que está no topo - ou mais acima - da esfera econômica tem o direito de usufruir de mais benesses nos estádios. E os clubes devem oferecer isso (cadeiras cativas, camarotes e outros espaços). Isso já é feito em boa parte dos países da Europa. Mas ainda há o "espaço" do torcedor popular, aquele que liga a TV todo o dia para ver as novidades do time, que compra o pôster quando ganha um caneco ou o que de tempos em tempos compra uma camisa ou outro produto licenciado pela agremiação. E esse é o torcedor que dá a graça no estádio, que leva a bandeira, que faz o mosaico na arquibancada.
Em suma, a "elitização" deve ser mandada para escanteio do futebol. E se voltar, mesmo assim, deverá levar um cartão vermelho "pelo peito", como dizem lá na várzea.
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