Está mais do que evidente que os protestos realizados nos últimos sete dias nas principais cidades do Brasil ultrapassaram a barreira dos "20 centavos". Finalmente, o tal do MPL trocou o pano de fundo dos atos e passou a pleitear por algo "maior", a de um transporte acessível e digno à todos. O grande problema dessa rápida expansão é que muitas outras minorias surfam na onda das passeatas para mostrar que estão "ao lado da população".
Da mesma maneira que fiquei puto com a PM descendo a borracha de forma gratuita lá na Maria Antônia, fiquei ao ver as bandeiras de dois partidos cacarecos (PSOL e PSTU) que apenas usurpam o dinheiro do Fundo Partidário, mantido pelo contribuinte, e um político caricato como o Plínio querendo 15 minutos de fama. Posso muito estar errado, mas duvido que o tiozinho estava presente na hora em que os fardados atacaram as pessoas que participavam do manifesto. Pior ainda: lá na Praça Ramos, o tal de Plínio foi aplaudido. Temo que o protesto social, legítimo e justo, se torne mais um alicerce político, e os milhares que se expuseram à borracha sejam feitos de trouxas, como geralmente ocorre em nosso país.
Posto isso, vamos à questão da Polícia. Ao ver da redação, e com a ajuda das redes sociais, o começo do conflito desta quinta-feira não tive nenhuma surpresa. Na concepção do Governo, o policial, na prática, está lá para fechar os olhos e acabar com qualquer manifestação - pacífica ou não; e para isso, usa o que ele tem nas mãos. Talvez, muitos dos que estavam no cruzamento da Consolação com a Maria Antônia nunca tinham percebido que o policial gosta de se sentir o guardião da ordem plena. Provavelmente, jamais perceberam que o sujeito que está do lado do governo usa da farda um mecanismo de intimidação contra o civil.
Creio que a maioria da população das classes B e C - público marjoritário das passeatas - conheceu a real polícia que o estado oferece. É muito mais fácil o pelotão chegar e descer o cassetete na multidão, do que proteger o cidadão e pegar os bandidos que cometem crimes cada vez mais bárbaros, como tacar fogo em dentistas ou atirar em uma mulher grávida. A falta de senso policial se consumou quando um jornalista foi preso pois tinha uma garrafa de vinagre na mochila.
O que a PM fez hoje no centro é feito há décadas nas periferias das cidades. Grupos de extermínio, compostos por policiais, aos montes existem e saem numa matança sem freio. Se está na rua é vagabundo. E isso é o que foi pensado daqueles que estavam naquele cruzamento. Bombas para todos os lados. Foda-se quem está lá. E o melhor foi bloquear a Avenida Paulista impedindo que a mesma fosse interditada pela passeata. Não acredito em má intensão dos agentes, eles são é mal preparados mesmo. Não sabem lidar com público. E é daí para pior. Há ainda os covardes, que puxam o gatilho e somem. Daí explica-se o fato de dois repórteres da Folha terem tomado um tiro no olho, no exercício da profissão.
A rápida investigação prometida pelo sr. secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, vai ficar, creio eu, só na teoria. Foi isso que ocorreu no caso da chacina no Jardim Rosana, em janeiro, no caso do servente, em outubro, no caso do empresário morto por um soldado da Força Tática, entre tantos outros. Como disse um amigo meu, o policial - ao vestir a farda e calçar a bota - esquece que é tão cidadão quanto o sujeito que está cansado de usufruir de sistemas públicos ineficientes.
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