segunda-feira, 18 de outubro de 2010

90 minutos

Falar que o futebol é 'uma caixinha de surpresas' é tão batido quanto mulher de malandro. Mas, até hoje, ninguém consegue explicar o porquê desse esporte ser tão emocionante e, com isso, mexer com as pessoas de tal maneira, que ficam irreconhecíveis. Por mais que o indivíduo não seja lá muito antenado ao que acontece, não entenda a Lei do Impedimento, durante os 90 minutos ele entra em um universo onde a única coisa que interessa é o JOGO.

Pode ter um time ou torcer apenas para o Brasil. Não importa. Já diziam os filósofos que treino é jogo e, jogo é guerra. Mas não é dessas guerras que vemos todos os dias nos noticiários. Afinal de contas, o futebol serve justamente para isso, para ser a válvula de escape dos problemas, serve como saída de emergência para uma sociedade tão desigual e desumana como a brasileira. Não estou caindo de porrada em nós mesmos, e sim enaltecendo essa arte, que durante décadas está enraizada no brasileiro.

Pode ser rico, pobre, negro, branco, morar numa favela ou em um bairro nobre. Passando a roleta do estádio, todos nós somos iguais. Sofremos de maneira igual, quando nosso time perde e o glorificamos quando ele ganha. É por isso que o futebol, ah o FUTEBOL, é encarado no mundo inteiro como o esporte que move multidões. E não há nada melhor do que ver uma multidão gritando, pulando e vibrando a gol, a cada bola dividida na garra, na raça. É evidente que enquanto uma multidão chora de alegria, outra chora de tristeza.

É. O futebol é o esporte mais prazeroso e mais severo que existe. Pode deixar em cada torcedor um ferimento que é difícil de explicar, mas que rapidamente é curado. Afinal, domingo que vem tem jogo. Para o torcedor não há nenhum time melhor que o seu. O juiz só erra contra e o treinador é burro. Contudo, algumas vezes o Geraldino perde a razão, e o que deveria ser apenas uma saída do cotidiano, torna-se um retrato fiel daquilo que não queremos ver no nosso dia-a-dia. Mas torcedor não tem razão. Tem emoção. Assim como um gol aos 48 minutos do 2º tempo, o lance derradeiro. Assim como uma disputa de penalidades, a injusta fábrica de heróis e vilões do esporte bretão.

E nessa hora todo o santo ajuda. Quantas preces você já não fez dentro do campo? Quantas e quantas vezes não disse "Ohh meu Deus...."

Esporte que nos deixa cego, surdo. Mudo não. Até porque, se nossa garganta seca, nossos corações gritam a mil por hora. Modalidade onde o Imponderável de Almeida, personagem criado pelo mestre Nelson Rodrigues, está presente. Nós nunca o vemos mas ele está ali, mas, possui sua cadeira cativa no estádio. Pode estar ao lado do "Professor" no banco de reservas ou, do nosso lado, ali na arquibancada de concreto. É claro que as condições para nós, TORCEDORES, não são as mais adequadas. As cadeiras são péssimas, mas o que importa? Eu vou ficar de pé vendo o jogo. Ah! Mas o lanche servido não é lá essas coisas...Tudo bem. O que não derruba, fortalece!!

E assim, todos os domingos, com sol ou chuva, estarei lá! Com a minha camisa, a minha bandeira, o meu radinho de pilha. Pois, o futebol, mexe, mexeu e sempre mexerá com o coração e a alma do Brasileiro.

Um comentário:

  1. Concordo que o futebol é capaz de unir palestinos e israelenses, ou até mesmo de parar uma guerra por 90 minutos.
    Contudo, gostaria de deixar minha indignação contra os fanáticos de plantão: Ganhando ou perdendo, o clube vai estar lá, com o seu dinheiro na conta deles.
    Pessoas, não se enganem. Futebol já foi paixão; hoje é produto.
    Assistam, sofram, torçam e comemorem. Mas, se seu time perder, não saiam quebrando tudo ou brigando com seus colegas.
    Pois, no fundo, no fundo, os jogadores só estão interessados em fama e dinheiro.

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