quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A falta de senso dos manifestantes sem causa

Durante aquelas manifestações do meio do ano que sacudiram o País, comentava com algumas pessoas um temor: de quem num futuro não muito distante, esses atos deixem de ser esporádicos e se tornem cotidianos. Tal prenúncio realmente ocorreu. Atualmente, vemos protestos das mais diversas naturezas interferirem no dia a dia de uma centena de milhares de pessoas. De antemão, quero dizer que não sou contra isso. Pelo contrário, vivemos numa democracia onde todos têm direito a se fazer ouvir quando o Governo não atende demandas básicas do cidadão, como saúde, educação e moradia.

Sei também que as autoridades só lembram daqueles que vivem situações de extrema dificuldade na época da eleição. Eleito ou não, esquecem daqueles que vivem nas franjas das cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Porém, as passeatas diárias ganharam proporções e novos adeptos. Saiu a sociedade civil, cansada de usurpada pelo poder há décadas, e chegaram os tais black bloc, que de maneira fugaz se espalharam pelas principais cidades.

São esses sujeitos, desprovidos de senso cívico, que não se importam com aquilo que é da sociedade: o orelhão, a lixeira, o ônibus. Nem com o que é privado: o banco, o carro, o imóvel. E o grupo ganha volume a cada protesto, pois seus "mentores" passam impunemente pela Lei. Não é arrebentado a pontapés a porta do metrô ou pichando e depredando um edifício qualquer que o salário do professor vai aumentar, que a fila no posto de saúde vai diminuir e que outras necessidades alarmantes da sociedade serão resolvidas do dia para a noite.

Se as pessoas que protestam por algo que lhes falta tiverem a única intenção de se fazer ouvir, na próxima ocasião deveriam impedir, barrar, essa corja, que nem coragem tem para mostrar a própria face. Se tivesse, certamente mudaria a cara do Brasil e faria valer a frase na Bandeira Nacional: "Ordem e Progresso". Pois, o que se vê nos dias atuais, é justamente o contrário. Apesar das boas intenções da sociedade.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O espetáculo do "pão e circo"

Foi-se o tempo em que a qualidade na informação e a credibilidade eram os principais quesitos no jornalismo. Felizmente, ainda há lugares - poucos é verdade - cujos pontos citados são tratados como prioridades. Todavia, o modelo atual dos grandes conglomerados opta por aspectos diferentes: o caricato, o show ou o "bom" e barato. Resumindo, o modelo "pão e circo".

Diante dessa crise vivida pelo setor é quase que espontâneo fazer caça às bruxas e apontar o dedo contra quem fez o anúncio do passaralho. Ao ver notícias diárias de cortes e mais cortes de cargos a sensação de "produto descartável" aumenta, e, devido à essa cegueira momentânea, não percebemos o ponto principal de tudo isso.

A tal "marolinha", tão comemorada por Lula  na década passada, enfim se tornou uma onda e atinge diversas atividades econômicas. O jornalismo, logo, não ficaria imune à ela. O "espetáculo do crescimento" refugou igual Baloubet du Rouet na Olimpíada, e o maravilhoso "Pibão" comemorado por Dilma em 2011, ano passado foi de apenas 1,3%, o segundo pior de toda a América Latina, cujo índice médio foi de 2,7%. Mas esse cenário não é exclusivo do Brasil, basta olhar para o outro lado do Atlântico e ver países deverem até as calças e com a economia estagnada há anos. Com isso, a fonte de investimentos fica cada vez mais seca.

Claro que somado a isso tudo estão diversas fórmulas de negócio que não deram certo e ruíram ao longo dos últimos 4, 5 anos. Basta ver o número de programas que entraram e saíram das grades de emissoras de TV e a quantidade de rádios que ou foram vendidas para pastores milionários com a fé alheia ou que conseguiram uma parceria se mantêm na bacia das almas. Infelizmente, quando a conta no final do mês, o lado mais fraco acaba pecando por todos esses erros de gestão.

Bom, e como fazer para recuperar o jornalismo em sua essência? Priorizar aqueles que estudaram e se dedicaram quatro anos nos bancos acadêmicos é uma saída. Mas, esse não vai ser o norte. Pior ainda será ver profissionais de qualidade e credibilidade - os pontos essenciais citados lá em cima - serem sacados e forma sumária. E se juntarem a tantos outros que sequer conseguem uma brecha para entrar. O pão e circo, infelizmente, ainda estará aí com seus Reality Shows, sensacionalismo barato, cultos e tantas outras "atrações".


quarta-feira, 19 de junho de 2013

O dia em que fui para a rua

Às 12h45 do dia de 18 de junho deste ano meu telefone tocou. Meu editor me liga e pede para que eu acompanhe o 6º protesto contra o aumento da tarifa do transporte em SP (se bem que nesta altura do campeonato os atos não ocorrem apenas pelos R$ 0,20). De imediato, achei que iria apenas observar, o famoso "ir lá pra ver como é que é", e aceitei a orientação. Às 15h cheguei na redação do BandNews e já fui bombardeado de instruções. A 1ª foi: assim que você chegar, procura o link da Band, você vai entrar conosco.

Tomei um susto, mas não deixei transparecer que estava assustado. Quando me disseram que eu ia para a Praça da Sé, era para que eu fizesse parte da cobertura que o canal preparou. Eu seria o repórter no local, ou "in loco", como chamamos no jornalismo. Ouvi mais umas dicas e aquele famoso "cuidado lá hein?"

Pausa.

Como tenho tanta coisa a escrever, vou dividir os fatos por tópicos, que não seguem a ordem cronológica dos acontecimentos.

- A passeata
Nunca presenciei um ato desses e quando cheguei na Avenida Paulista e a vi tomada de gente tive que conter as lágrimas, pois estava "no ar" pelo BandNews. Já precisei percorrer a via por diversas vezes, mas ao vê-la ocupada de pessoas tive a prazerosa sensação de estar presente num momento histórico para o Brasil. Pessoas cantando, protestando, pulando, sorrindo em prol de um país melhor. Jovens, adultos, idosos, homens, mulheres, negros, brancos, nipônicos, hispânicos num clima de paz e tranquilidade.

Das marchas que acompanhei na terça-feira não vi nenhum ato de vandalismo. Posteriormente, consegui acesso aos jornais e à internet e observei atos isolados  de vandalismo. Porém, digo de forma enfática: as pessoas que cometeram esses atos NÃO estavam com o objetivo de lutar por um Brasil melhor, e sim de propagar a desordem e a arruaça pelas ruas do centro de São Paulo.

- Viaduto do Chá
Os protestos são compostos por diversos movimentos. Além do MPL, que é o pilar dos atos, exitem outras minorias que estão presentes. Consegui observar bandeiras de diversos grupos, desde entidades estudantis à sindicatos. Uma ala é a dos anarquistas radicais. O grupo é chamado de "Black Blocks". Geralmente, estão vestidos com roupas escuras e o rostos estão cobertos com máscaras ou panos. Aproximadamente 50 pessoas formavam o coletivo, que aproveitou a ausência de um policiamento na frente da prefeitura para tentar invadir a sede do governo municipal. Essas pessoas são as mesmas que forçaram a derribada do portão do Palácio dos Bandeirantes, na segunda-feira.

Quando cinco caras desse grupo tentaram atear fogo na bandeira municipal, houve uma divisão de reações. Muitos aplaudiam. Outros tantos vaiaram de forma ostensiva e começaram a gritar "sem vadalismo". No fim, as bandeiras da Cidade e do Estado foram derrubadas, após o cabo de aço que as prendia no mastro ser cortado. À poucos metros de onde eu estava, pude observar duas pessoas discutindo de forma áspera sobre o que ocorria. Antes que alguém pergunte, quando o carro da Record foi incendiado eu não estava mais lá.

- Consolação
O mais legal que vi ao acompanhar uma parte dos ativistas que subiam a Consolação, para chegar na Paulista, foi que muitas pessoas saudavam a manifestação nas sacadas dos apartamentos ao longo da rua. De imediato aquela multidão agradecia com palmas e cantando. Até alguns clientes que estavam no restaurante Sujinho pararam suas refeições e foram para a calçada aplaudir aqueles que gritavam palavras de ordem. Lençóis brancos e bandeiras do Brasil também eram agitadas nos apartamentos, compondo o clima cívico do ato.

- Momento "Usain Bolt"
19h. Como a manifestação se dividiu em diversos em grupos, decidi acompanhar um que seguiu pelo centro da cidade, passando pelo Largo São Francisco, Rua Libero Badaró, Viaduto do Chá, Rua Direita e retornou à Praça da Sé. De lá, essa parte se encontrou com mais manifestantes e seguiram ao terminal Pq Dom Pedro II e iriam acessar a Avenida Rangel Pestana. No cruzamento dessas duas vias estava conversando com o Nelson Gomes, ao vivo, relatando o que via na região do "Baixo Centro". Ele me interrompeu e começou a narrar a tentativa de invasão ao prédio da Prefeitura. Segui na linha. Depois de um tempo, voltei a falar com a Priscila e com o JP Duarte, que estavam coordenando as minhas entradas. Perguntei se queriam que eu fosse para o Viaduto do Chá, de novo. Disseram que sim, e eu fui.

A pé, uma pessoa leva uns 20 minutos de um local ao outro. Como sabia que não tinha esse tempo, fiz o percurso em 8 minutos. Já sentia um cansaço pois estava andando à duas horas sem parar. Quando cheguei na Prefeitura a primeira coisa que fiz foi tomar um fôlego. Neste momento, pude comprovar que meu preparo físico está aquém do normal.

- Vandalismo
Durante o meu trabalho não presenciei atos de vandalismo, exceto às depredações na sede do governo municipal.

- Orgulho
O derradeiro, mas não menos importante aspecto do meu trabalho, é a satisfação de ter feito, ou tentado fazer, o meu melhor. Contei com a ajuda e com os conselhos de colegas e amigos, e tive sorte da bateria do meu celular ter durado durante as seis horas de caminhada pelo centro desta metrópole equivocada. E agradeço a confiança depositada em mim, numa cobertura de um acontecimento tão grande, que certamente estará nos livros de História das próximas gerações de estudantes. Obrigado.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Polícia de fato

Está mais do que evidente que os protestos realizados nos últimos sete dias nas principais cidades do Brasil ultrapassaram a barreira dos "20 centavos". Finalmente, o tal do MPL trocou o pano de fundo dos atos e passou a pleitear por algo "maior", a de um transporte acessível e digno à todos. O grande problema dessa rápida expansão é que muitas outras minorias surfam na onda das passeatas para mostrar que estão "ao lado da população".

Da mesma maneira que fiquei puto com a PM descendo a borracha de forma gratuita lá na Maria Antônia, fiquei ao ver as bandeiras de dois partidos cacarecos (PSOL e PSTU) que apenas usurpam o dinheiro do Fundo Partidário, mantido pelo contribuinte, e um político caricato como o Plínio querendo 15 minutos de fama. Posso muito estar errado, mas duvido que o tiozinho estava presente na hora em que os fardados atacaram as pessoas que participavam do manifesto. Pior ainda: lá na Praça Ramos, o tal de Plínio foi aplaudido. Temo que o protesto social, legítimo e justo, se torne mais um alicerce político, e os milhares que se expuseram à borracha sejam feitos de trouxas, como geralmente ocorre em nosso país.

Posto isso, vamos à questão da Polícia. Ao ver da redação, e com a ajuda das redes sociais, o começo do conflito desta quinta-feira não tive nenhuma surpresa. Na concepção do Governo, o policial, na prática, está lá para fechar os olhos e acabar com qualquer manifestação - pacífica ou não; e para isso, usa o que ele tem nas mãos. Talvez, muitos dos que estavam no cruzamento da Consolação com a Maria Antônia nunca tinham percebido que o policial gosta de se sentir o guardião da ordem plena. Provavelmente, jamais perceberam que o sujeito que está do lado do governo usa da farda um mecanismo de intimidação contra o civil.

Creio que a maioria da população das classes B e C - público marjoritário das passeatas - conheceu a real polícia que o estado oferece. É muito mais fácil o pelotão chegar e descer o cassetete na multidão, do que proteger o cidadão e pegar os bandidos que cometem crimes cada vez mais bárbaros, como tacar fogo em dentistas ou atirar em uma mulher grávida. A falta de senso policial se consumou quando um jornalista foi preso pois tinha uma garrafa de vinagre na mochila.

O que a PM fez hoje no centro é feito há décadas nas periferias das cidades. Grupos de extermínio, compostos por policiais, aos montes existem e saem numa matança sem freio. Se está na rua é vagabundo. E isso é o que foi pensado daqueles que estavam naquele cruzamento. Bombas para todos os lados. Foda-se quem está lá. E o melhor foi bloquear a Avenida Paulista impedindo que a mesma fosse interditada pela passeata. Não acredito em má intensão dos agentes, eles são é mal preparados mesmo. Não sabem lidar com público. E é daí para pior. Há ainda os covardes, que puxam o gatilho e somem. Daí explica-se o fato de dois repórteres da Folha terem tomado um tiro no olho, no exercício da profissão.


A rápida investigação prometida pelo sr. secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, vai ficar, creio eu, só na teoria. Foi isso que ocorreu no caso da chacina no Jardim Rosana, em janeiro, no caso do servente, em outubro, no caso do empresário morto por um soldado da Força Tática, entre tantos outros. Como disse um amigo meu, o policial - ao vestir a farda e calçar a bota - esquece que é tão cidadão quanto o sujeito que está cansado de usufruir de sistemas públicos ineficientes.


sexta-feira, 31 de maio de 2013

Mais do que um mero esporte

"Onde o goleiro pisa não nasce grama". Talvez se o autor dessa frase, tão conhecida no mundo do futebol, tivesse visto o jogo entre Atlético-MG x Tijuana, disputado na noite de quinta-feira em BH, certamente iria fazer um pedido de desculpas em cadeia de rádio e TV. O sagrado palmo de chão logo abaixo do travessão é o local onde jogo após jogo se formam vilões e heróis no futebol - no Brasil e no mundo. E o Independência, e os que assistiram ao jogo pela TV, viram surgir mais um caso desses após o arqueiro Victor defender um pênalti aos 46 minutos do segundo tempo.

A defesa realizada com o pé esquerdo garantiu o Galo nas semifinais da Libertadores da América. Um daqueles jogos épicos que ficará na retina de quem é atleticano por muito tempo. E também na memória de quem gosta de futebol. Partidas com a de ontem servem para resumir a importância do futebol no cotidiano das pessoas. Não que elas ficariam mais pobres ou mais ricas dependendo do resultado da peleja, mas em questão de segundos tudo aquilo que elas carregam de ruim (dívidas, falta de dinheiro, problemas pessoais) foi para o espaço, assim como fora a bola rebatida por Victor.

Futebol é diferente de qualquer outro esporte. Gosto de basquete, de vôlei, de handbol (até acho que não se dá o merecido espaço na mídia a eles) mas o que move as pessoas é o futebol. Um lance pode fazer toda a diferença. Uma defesa às vezes é mais comemorada do que o gol. E uma vitória, em certos momentos, pode não ajudar em nada. Confusas as emoções que ele traz: um idivíduo pode ir da máxima alegria ao extremo sofrimento, e em questões de segundos voltar a êxtase.

E os longos segundos que separaram a marcação do pênalti até a defesa do Victor foram prova cabal disso. Vida longa ao futebol. Vida longa aos que gostam de futebol. E meus sentimentos se você não gosta do esporte bretão.


terça-feira, 28 de maio de 2013

O perigo da "elitização" do futebol

Ao terminar de ler o jornal ontem, uma nota de rodapé do caderno de esportes do Estadão me chamou a atenção. A arrecadação da partida entre Santos x Flamengo, em Brasília, foi a maior da história do futebol no país. Mais de R$ 6 milhões foram arrecadados. Uma bela grana, diga-se de passagem. No mesmo periódico, li que o Mané Garrincha, palco da peleja, não havia sido aprovado no evento-teste para a Copa das Confederações. Até aí nenhuma surpresa.

Depois da leitura, liguei a TV. Por coincidência, a Sportv mostrara as dificuldades pelas quais boa parte dos 63 mil pagantes passaram para ver um jogo de futebol. É catraca que não funciona, revista que é mal feita, filas em banheiros, bares e outras áreas comuns. Sabendo que eles estavam falando de um estádio no Brasil, também meio que ignorei o fato.

O que não engoli foi a informação de que o ingresso mais barato custava R$ 160,00 - daí, a cifra astronômica citada no parágrafo inicial. E ao comentar esse preço abusivo, Xico Sá - colunista da Folha de S.Paulo - foi preciso em seu comentário: "ergueram as arenas e estão cobrando preço de ópera. E é futebol". O mais caro era vendido a 460 mangos.

Esse é o meu maior receio em relação à Copa: A drástica elevação no valor das entradas. Já temos ciência de que a Copa não é para pobre. Porém, um jogo nacional, do dia-a-dia, não pode ter o ingresso mais acessível a R$ 160,00. Em um país onde o salário mínimo é R$ 678,00, o tíquete mais popular não pode ser comercializado a esse preço.

O futebol não pode passar por esse processo de "elitização". O esporte, que sempre foi caracterizado pela alcunha de popular, não pode perder essa que a sua principal característica. É claro, que passou do tempo de termos estádios mais modernos, onde o sujeito possa levar sua família com tranquilidade e conforto. Porém, a maioria do público que frequenta campos de futebol, está no seio menos abastado da população, mesmo com a ascenção de uma significativa parcela da sociedade a melhores condições de renda na última década.

Claro que o sujeito que está no topo - ou mais acima - da esfera econômica tem o direito de usufruir de mais benesses nos estádios. E os clubes devem oferecer isso (cadeiras cativas, camarotes e outros espaços). Isso já é feito em boa parte dos países da Europa. Mas ainda há o "espaço" do torcedor popular, aquele que liga a TV todo o dia para ver as novidades do time, que compra o pôster quando ganha um caneco ou o que de tempos em tempos compra uma camisa ou outro produto licenciado pela agremiação. E esse é o torcedor que dá a graça no estádio, que leva a bandeira, que faz o mosaico na arquibancada.

Em suma, a "elitização" deve ser mandada para escanteio do futebol. E se voltar, mesmo assim, deverá levar um cartão vermelho "pelo peito", como dizem lá na várzea.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Aquela ficha que não cai

Uso meu blog desta vez para escrever sobre a morte do Chorão. Mas não para noticiar. E sim para me expressar.

A 1ª música que ouvi do CBJR foi "O Coro Vai Come", na Jovem Pan. Não foi quando a banda estourou no país. Naquela época nem me importava em ouvir rádio. Ouvi aquela música por acaso. Santo acaso. Me tornei fã e vi que não estava sozinho. Naquela época curtia mais o som do que o teor das letras, até porque, para um moleque de 10 anos, o barulho era o que importava.

Mas as letras já falavam das dificuldades da vida, de lutar pelos nossos objetivos. De dar valor aos pais e aos amigos. Mas para um moleque de 10 anos a única preocupação da vida eram as provas da escola. E aquelas músicas foram se multiplicando pelas rádios, no walk-man surrado que ganhei da minha mãe. Ali, naquele aparelho, hoje uma relíquia, passei a dar valor as coisas.

Nas excursões da escola boa parte das músicas cantadas no busão eram de autoria do Chorão. Aquele tempo que infelizmente não volta marcou a transição da vida sem compromissos para uma realidade onde o futuro se aproximava e a definição da vida batia à porta da minha casa, como se fosse alguém perguntando: "E aí? Como vai ser daqui pra frente?"

Eis que ouvi Dias de Luta, Dias de Glória, música que soou como um hino para mim. E essa canção foi caminhando minha vida até os dias atuais. Os problemas que o dia-a-dia nos reserva e a busca incessante pela felicidade seguirão conosco. O Lugar ao sol, que Chorão cantou no final dos anos 90, hoje faz todo o sentido. Consegui alguns dos objetivos traçados há alguns anos e sigo na busca por outros. Buscando fazer da minha vida algo melhor do que já vi e ouvi.

Valeu, Chorão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Volta histórica

O que é possível fazer em 45 segundos e 817 milésimos? Subir alguns lances de escada. Usar o banheiro, quem sabe? Correr alguns metros a pé? Se para você esse tempo é pouco, para Danica Patrick foi o suficiente para fazer história. Neste domíngo (17) a piloto norte-americana cravou a pole-position para as 500 Milhas de Daytona, a principal prova da Nascar, categoria de carros de turismo dos EUA (o equivalente a Stock Car - só que com prestígio BEM menor). Danica tornou-se a primeira mulher a ocupar a posição de honra do grid de largada.

Danica faz história e põe o #10 na 1ª posição en Daytona Beach
Nas emissoras de televisão da terra do Tio Sam o destaque era pra Danica. Entrevistas, fotos, cliques e 10 mil dólares na conta dela. A pole de Danica mostra uma nítida evolução na carreira dela na Nascar. Patrick já fez algumas aparições na Sprint Cup, sempre se envolvendo em algum acidente. Mas dessa vez ela desbancou 44 marmanjos, entre eles Jimmie Jonhson - pentacampeão da categoria - e o chefe dela, Tony Stewart.

Por mais telentosa que seja, a pole position de Danica foi uma tremenda zebra. Daquelas que só acontecem no futebol. Ela foi a oitava piloto a ir para o oval de 2,5 milhas. Nas duas voltas que teve direito registrou uma média de 316 km/h, guiando o Chevrolet Impala SS #10. Além de Danica, apenas Jeff Gordon, segundo mais rápido no treino, tem a vaga garantida na prova, que será disputada no próximo domingo. Os demais 43 vão disputar um lugar no grid nos Duels, que acontecem na queinta-feira.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

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Seis meses depois volto a escrever nesse espaço. E num dia importante para o esporte, sobretudo o futebol, brasileiro. A maioria dos clubes se reapresentaram para a pré-temporada e o atual campeão do mundo concretizou o transação de Alexandre Pato. Sim, se já não bastasse um ataque com Sheik, Guerrero, Paulinho e cia, o Corinthians pagou 40 milhões de reais pelo Pato. Negócio bom? Sim e não.

Por que sim?

Pato é jovem - tem apenas 23 anos - e já provou por A+B que tem capacidade de jogar em qualquer clube do mundo. É matador nato. Daqueles que têm faro de gol apurado e infernizam qualquer defesa. É veloz. Consegue arrancar com a bola deixando zagueiros na saudade. Tem boa impulsão, apesar de não ser um gigante. E pode ser revendido para um clube grande da Europa, ou para um desses times comprados com a grana do petroleo do leste europeu,

Por que não?

Apesar de jovem, Pato conviveu com muitas lesões, a maioria delas musculares, e - somado o período no estaleiro - ficou quase dois anos se tratando. Claro que não é culpa dele, acredito. Diversos jogadores se machucam todos os anos, mas alguns apresentam problemas crônicos em partes do corpo. Porém, o jogador se machucava na mesma proporção em que Neymar mudava de penteado. Ao todo, desde 2007, Pato teve 16 lesões.

Todo investimento, independente da área, tem seu risco. E essa injeção de R$ 40 milhões requer uma avaliação criteriosa dos riscos que ela pode trazer. Não é todo dia que um clube brasileiro investirá essa bagatela em um jogador, por melhor ou mais jovem que ele seja. Que Pato retribua em campo a expectativa depositada nele. 4 anos é tempo mais do que suficiente.